Começaram as obras da usina que deverá unir reciclagem de lixo e produção de energia em Boa Esperança (MG). O projeto é experimental, mas se der certo, poderá ser solução para o problema do lixo em muitas cidades brasileiras.
A área tem quase oito mil metros e fica bem ao lado do lixão da cidade. Ali será construída a primeira usina de produção de energia utilizando gás gerado da transformação do lixo.
"Um processo que é realizado em um reator a 850 graus, onde quimicamente nós vamos tirar a energia contida em um gás. Esse gás vai entrar numa caldeira, gerar vapor para gerar energia elétrica em uma turbina a vapor", disse o diretor da empresa criadora da tecnologia, Luciano Infiesta.
Ao todo, são cinco etapas. Entre elas a trituração e o armazenamento do combustível derivado dos resíduos, que já é o final da transformação do lixo. Depois disso, o material é submetido a altas temperaturas dentro de uma caldeira. Nesse processo não há fogo nem queima do lixo.
A obra deve ficar pronta no final do ano que vem. Aí depois, começa outra fase: os responsáveis pela Usina de Furnas vão analisar se a produção de energia do gás é viável e se existe ou não geração de resíduos.
"Dentro dos cálculos que já foram feitos, a expectativa é que atenda 25% da necessidade de energia elétrica do município", disse o gerente de pesquisa e desenvolvimento de Furnas, Nelson Araújo dos Santos.
Com a usina pronta, a equipe vai usar a operação como fonte de pesquisa. Ao contrário do que é determinado pela lei de resíduos sólidos, criada em 2010, Boa Esperança é uma das cidades brasileiras que ainda possuem lixão.
"A implantação do aterro sanitário é um procedimento muito caro, ele é difícil de ser conduzido do ponto de vista técnico, precisa de um acompanhamento", disse a gestora de meio ambiente, Ana Raquel Silva.
Na cidade, são produzidas diariamente 40 toneladas de lixo. A meta da usina é utilizar todo o volume gerado por dia e acabar com o que foi acumulado ao longo de 15 anos nesse espaço. Quem aguarda as mudanças são os catadores que sobrevivem do que é retirado.
"Explicaram que vai dar emprego para a turma, vai parar com a reciclagem e vai dar emprego para a turma", disse o catador Adilson Aparecido da Silva.
A equipe responsável pela construção e manutenção da usina garante que as 23 pessoas que trabalham no lixão serão incorporadas à operação da usina.
"Vai conseguir fazer a catação, separar o material em uma área muito mais humana para ele trabalhar, mas o que se pretende é que esses catadores se organizem em uma cooperativa, que eles possam ter essa renda continuada ali", disse o gerente de pesquisa de Furnas.
Fonte: https://g1.globo.com